O que é memória gustativa?
Poucas coisas na vida estimulam tanto os sentidos e a memória de uma pessoa quanto comidas ou bebidas, não é mesmo? Seja o aroma que exala durante o cozimento de um alimento, o gosto do seu prato predileto ou uma dose de bebida destilada, como um bom whisky escocês.
A nostalgia culinária é capaz de trazer à mente lembranças tão prazerosas a ponto de os sabores das receitas invadirem o paladar antes mesmo da degustação. E este fenômeno tem nome: memória gustativa.
O termo “memória gustativa” se refere à sensação de “viagem no tempo” provocada pelas bebidas e alimentos consumidos, além das lembranças trazidas por esses sabores que, geralmente, proporcionam felicidade e bem-estar.
Isso porque, surpreendentemente, cada um dos sabores degustados ao longo da vida são armazenados pelo cérebro e podem ser trazidos à memória quando um gatilho é disparado nesse sentido — ou seja, qualquer gosto, cheiro, textura ou até mesmo aparência que instigue essa recordação.
O que é, de fato, a memória gustativa?
De modo geral, a memória gustativa é um sentimento saudosista de tudo o que traz boas recordações dentro do contexto alimentar, seja um alimento ou bebida.
Ela proporciona uma espécie de poder involuntário que faz com que a pessoa tenha consciência de um sabor que o transporta ao passado. Por exemplo: você passa em frente a uma lanchonete, vê determinado salgado e automaticamente sente seu aroma.
Esse momento pode te remeter a algum período do passado em que você frequentava uma lanchonete com o seu grupo de amigos da escola, por exemplo, onde todos vocês comiam justamente aquele salgado.
Nesse caso, a imagem e o cheiro ficaram gravados na sua memória de forma positiva e, por esse motivo, a recordação traz uma sensação de saudade e bem-estar.
A relação do alimento com o nosso cérebro
A combinação entre os estímulos físicos (audição e visão), químicos (olfato e paladar) e misto (tato) levam a memórias afetivas diretamente ligadas à alimentação, associando as emoções que fazem parte de diferentes fases da vida ao consumo de certos alimentos.
O ato de ingerir um alimento faz com que as papilas gustativas presentes na língua enviem uma espécie de mensagem ao cérebro, identificando os sabores e fomentando a memória gustativa.
De acordo com estudos americanos apresentados pela revista Nature, o cérebro humano possui neurônios específicos para cada um dos cinco gostos que podemos sentir:
- Doce;
- Salgado;
- Ácido;
- Amargo;
- Umami.
O último (umami) é um gosto associado especialmente ao glutamato, presente em mariscos, queijo fermentado, carnes e legumes.
Alimentos que ativam as funções cognitivas
Quando o assunto são alimentos e tudo que envolve a alimentação, não é possível especificar os ingredientes exatos que instigam as funções cognitivas, visto que tudo está diretamente ligado à cognição.
Apesar disso, de acordo com alguns estudos, os alimentos que são fontes de sais minerais, vitaminas e ômega 3 contribuem para as funções cognitivas do cérebro (no que diz respeito ao raciocínio e à capacidade de concentração) e facilitam a comunicação dos neurônios.
O leite materno, por exemplo, é o principal alimento para o bebê, responsável pelas percepções iniciais de gostos, sentidos e, consequentemente, pelo início do processo cognitivo, que depende de atenção, memória e aprendizado.
Além disso, as frutas vermelhas, como morango, uva, amora, mirtilo e framboesa, são ricas em compostos de ação anti-inflamatória e antioxidante, protegendo o cérebro contra os danos causados pelo envelhecimento. Para isso, devem ser consumidas de forma regular.
Por fim, vale destacar as nozes, que fazem parte do grupo das oleaginosas. Elas atuam no cuidado do cérebro, são ricas em ômega 3 e em substâncias de ação anti-inflamatória e antioxidante. Os benefícios do consumo regular de nozes incluem:
- Melhoria da memória verbal;
- Formação de novos neurônios;
- Otimização da eliminação de toxinas;
- Melhoria na comunicação entre os neurônios já existentes.
Inclusive, a inclusão das nozes em um cardápio mediterrâneo (formado por peixes, frutas, vinho, azeite, verduras, legumes, etc.) reduz em até 46% o risco de AVC.
Texto: Gustavo Marques