Como as políticas de habitação impactam na mobilidade urbana

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Com o crescimento populacional e das cidades, é cada vez mais necessário discutir as políticas públicas que providenciem melhor qualidade de vida.

Dentro deste âmbito, existem dois conceitos que devem atuar juntos: as políticas de habitação e a mobilidade urbana.

Trocar o carro por uma bicicleta alugada para a ida ao trabalho é uma forma de promover a mobilidade urbana nos grandes centros.

Entretanto, isso pode se tornar ainda mais fácil para a maioria das pessoas quando esse conceito é o que guia as políticas de habitação e de planejamento urbanístico das cidades.

Que tal entender melhor esses conceitos e sua relação? Confira no texto abaixo!

O que é mobilidade urbana?

Primeiro, é importante compreender o que é mobilidade urbana, uma vez que esse é um conceito que vai muito além da forma como as pessoas se deslocam dentro das cidades. 

Ele também abrange segurança, produtividade, sustentabilidade e melhor qualidade de vida para a sociedade.

Esse conceito pode ser definido como a capacidade de deslocamento dos indivíduos dentro de um espaço urbano.

Essa capacidade é influenciada por motivos econômicos, pessoais, sociais e de infraestrutura. Com isso, pode-se entender que todos os cidadãos participam e dependem, mesmo que em graus diferentes, da mobilidade urbana para ir de um local até o outro.

Quais os grandes desafios da mobilidade urbana no Brasil?

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) já realizou um estudo que apontava os principais desafios que a mobilidade urbana enfrenta no Brasil.

Um deles é o rápido desenvolvimento urbano, com o rápido crescimento populacional nas cidades – aproximadamente 85% dos brasileiros vivem em centros urbanos.

Um crescimento que, em muitos casos, a infraestrutura da cidade não consegue acompanhar, não providenciando uma estrutura básica de qualidade para a população.

Já são cerca de 36 cidades com mais de 500 mil moradores no país, sendo que as regiões metropolitanas acumulam cerca de 80 milhões de habitantes.

Outro ponto levantado pelo estudo é o aumento do uso do transporte individual. O cidadão anseia por ter conforto, independência e segurança, o que leva ao aumento do uso de carros.

Como consequência, o maior número de veículos nas ruas se torna um problema, gerando constantes engarrafamentos nos horários de pico, além de aumentar a prevalência de acidentes.

Por fim, o instituto também aponta que o alto custo de investimento em projetos de infraestrutura também é um desafio.

Isso porque a realização dessas obras é imprescindível para a criação de vias de transporte que sejam adequadas para o deslocamento da população.

Política habitacional e mobilidade urbana

É dentro desse contexto que se faz importante o planejamento e a execução de uma política habitacional que tenha a mobilidade urbana e a sustentabilidade como objetivos.

É preciso ter em mente que dentro das cidades, uma das principais dinâmicas que existem é o chamado deslocamento pendular, que é o trajeto que as pessoas fazem diariamente para ir de suas casas até o trabalho ou a escola.

Com isso, é importante pensar uma infraestrutura que possa aproximar esses pontos e tornar esse deslocamento menor e mais rápido.

O poder público deve planejar uma política habitacional que agregue casas com serviços públicos e privados, dispensando assim a necessidade de percorrer longas distâncias.

Ao construir uma infraestrutura em que esses pontos estejam próximos, é possível que a distância entre eles seja percorrida por pedestres e ciclistas, deixando assim o carro em casa.

A distância menor faz com que o uso de transporte coletivo torne-se uma opção mais atraente, já que não será preciso utilizá-lo por um longo período.

Também é válido aplicar o conceito conhecido como Ruas Completas. Essas são áreas que permitem o trânsito seguro e confortável para pedestres, motociclistas, motoristas e ciclistas, estimulando o comércio local e colaborando para dar mais vida ao bairro.

Nessas vias, os automóveis podem circular, mas devem fazer isso com velocidade reduzida, já que dividem o espaço com bicicletas e motos.

Já as calçadas têm a largura adequada para o trânsito de pedestres, com acessibilidade apropriada para:

  • Crianças;
  • Idosos;
  • Gestantes;
  • Pessoas com deficiência (PcDs).

O resultado dessa mudança é uma menor pressão sobre o tráfego, deixando as vias menos congestionadas e o trânsito mais fluido.

Além da menor emissão de gases que provocam o efeito estufa, é possível obter uma melhor qualidade de vida, com menos estresse e uma sensação melhor de bem-estar coletivo.

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